quarta-feira, 5 de maio de 2010

ANTÍGONA - SÓFOCLES



Ainda mais a Norte, no Teatro de Vila Real no próximo dia 14 de Maio entra em cena uma tragédia grega, considerada a segunda mais antiga deste autor (com cerca de 1353 versos), Antígona de Sóflocles, que representa o amor fraternal através da actuação de Antígona, filha de Édipo e Jocasta.

Esta figura feminina (renascida na escrita de Sófocles cerca do ano de 421 a partir da figura mítica homónima) acompanha o seu pai Édipo no exílio, após a sua expulsão do reino de Tebas pelos seus dois filhos (Etéocles e Polinice) até à hora da sua morte.

De regresso a Tebas, os seus dois irmãos disputam o reino primeiro através de uma arquitectada guerra que não resolveu nada e mais tarde num combate entre os dois que resultou nas suas mortes. Assim, ganha o trono um tio chamado Creonte que proibe qualquer um de enterrar o corpo de Polinice, ameaçando com a morte quem o fizesse. Ao outro irmão de Antígona, Etéocles, proporcionou as cerimónias fúnebres devidas. Perante esta injustiça, Antígona tenta convencer Creonte a enterrar o seu irmão lembrando-lhe que quem não é enterrado, é condenado a vaguear cem anos nas margens do rio que leva os mortos para o seu mundo. Creonte não cede e Antígona enterra o irmão com a suas próprias mãos, pelo que é condenada por Creonte que exige que a enterrem viva. Antígona recusa a ajuda de sua irmã quando esta se oferece para ser condenada em seu lugar e a sua condenação provoca ainda o suicídio de seu noivo Hémon (filho de Creonte) e de sua mãe Eurídice, que por desgosto também comete suicídio.

A angústia está presente em todas as personagens de Antígona, que tomam uma postura interrogativa durante todo o seu percurso. Marguerite Yourcenar no século XX lembra esta figura num epitáfio a recordar: " O tempo retoma o seu curso sob o ruído do relógio de Deus. O pêndulo do mundo é o coração de Antígona."
Deixo imagens da encenação de Nuno Carinhas no TNSJ:









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