sábado, 2 de julho de 2011
CÁ DENTRO
Cá dentro é escuro
tão escuro que não chego a vós
a quem prometi dar vida até um fim.
Cá dentro é escuro
e nisso sinto que tudo está para lá
dos órgãos do meu corpo meu entrave.
Se estendo os braços arrepiam vozes
quando entra o vento pela janela
e para lá de qualquer célula que ainda
vos desenha ausentes dentro de mim
chega cada vez mais perto uma solidão
de ser, a incongruência de amar e afinal ser um,
Cá dentro é escuro
sem rasgos de um caminho para aí.
Cá dentro é escuro
sem acesso exclusivo a quem se
ama - poderia nascer entre mim e vós
uma cave interdita, uma gruta secreta cheia de vozes
enleadas e perigos marítimos e mãos trémulas
em soluços de existir.
Cá dentro é escuro
e de tudo isto sobrevive apenas o ar frio
dentro desta ideia cercada de placenta,
cheia de um sangue que é a verdade
de me saber incapaz de ser num mesmo tempo
por dentro dos outros.
Especialmente daqueles
que quero para sempre também ser.
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