domingo, 12 de dezembro de 2010
NÃO HÁ DOMINGO SEM POESIA
Morri pela beleza, mas apenas estava
Acomodada em meu túmulo,
Alguém que morrera pela verdade,
Era depositado no carneiro próximo.
Perguntou-me baixinho o que me matara.
– A beleza, respondi.
– A mim, a verdade, – é a mesma coisa,
Somos irmãos.
E assim, como parentes que uma noite se encontram,
Conversamos de jazigo a jazigo
Até que o musgo alcançou os nossos lábios
E cobriu os nossos nomes.
Emily Dickinson
Antologia da Poesia Americana, Ediouro, 1992
Tradução de Manuel Bandeira
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2 comentários:
o tempo passa, as palavras deixam de se dizer e há coisas que não são mais lembradas. A beleza, a verdade, são sem dúvida irmãs neste mundo tão repleto de tudo e ao mesmo tempo de nada. Unem, afastam, tornam tudo possível ou tudo impossível. Quando nos apercebemos o porquê dos erros, da "morte" das oportunidades, por vezes é tarde demais. A beleza já foi extrema e talvez a verdade inexistente. Depois, quando nos apercebemos que somente podemos contemplar as estrelas e sonhar, aí simplesmente esquecemos a beleza, a verdade, esquecemos tudo e centramo-nos unicamente naquele instante, naquele vazio de pensamentos em que a escuridão de um céu iluminado nos persegue e nos abraça.
e agora penso "será que era isto o que o poema queria transmitir?"...não sei, mas foi o que senti quando o li
Ainda bem que sentes quando lês poesia, Caridee...
Valerá a pena ter morrido pela beleza de alguma coisa ou pela verdade em que acreditamos? O tempo (com o seu inevitável musgo) acaba sempre por apagar qualquer razão humana, por mais inteira que ela nos pareça...
Bjinho
Patrícia
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