Fui ver ao dicionário de sinónimos
a palavra mais bela e sem igual,
perfeita como a nave dos Jerónimos...
E o dicionário disse-me Natal.
Pergunto aos poetas que releio:
Gabriela, Régio, Goethe, Poe, Quental,
Lorca, Olegário...E a resposta veio:
E é Christmas...Natividad...Noël...Natal.
Interroguei o firmamento todo!
Cobra, formiga, pássaro, chacal!
O aço em chispa, o "pipe-line", o lodo!
E a voz das coisas respondeu Natal!
Pedi ao vento e trouxe-me, dispersos,
- riscos de luz, fragmentos de papel -
cânticos, sinos, lágrimas e versos:
Um N, um A, um T, um A, um L...
Perguntei a mim próprio e fiquei mudo...
Qual a mais bela das palavras, qual?
Para quê perguntar se tudo, tudo,
diz Natal, diz Natal e diz Natal?!
Adolfo Simões Müller, Moço, Bengala e Cão - Poemas, 1971
Edição do autor, Lisboa
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2 comentários:
Que poema lindo, ouso colocá-lo à altura do Natal! Obrigada pelo bom gosto. Continuação de um FELIZ NATAL! Bjs
Para ti também Alexandra. A poesia consegue trazer-nos felicidade para além do instante da leitura. E contigo acontece o mesmo. Noto-o. (Bem precisamos desta força para a grande batalha que nos espera nas escolas...)Mts bjs para ti também e obrigada por reforçares a beleza da poesia.Mais bjs
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