segunda-feira, 19 de maio de 2008

Um hino a todos os bons amigos, por Alexandre O´Neill

Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!

terça-feira, 13 de maio de 2008

Um poema magnífico...

AMOR À VISTA, Fernando Echevarría

Entras como um punhal
até à minha vida
Rasgas de estrelas e de sal
a carne da ferida.

Instala-te nas minas,
Dinamita e devora.
Porque quem assassinas
é um monstro de lágrimas que adora.

Dá-me um beijo e a morte.
Anda. Avança.
Deixa lá a esperança
para quem a suporte.

Mas o mar e os montes...
isso, sim,
Não te amedrontes.
atira-os sobre mim.

atira-os de espada.
Porque ficas vencida
ou desta minha vida
não fica nada.

Mar e montes teus beijos, meu amor,
sobre os meus férreos dentes.
Mar e montes esperados com terror
de que te ausentes.

Mar e beijos teus beijos meu amor!...

 

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Pontapé de saída: Como falar de livros que não lemos?



O novo ensaio de Pierre Bayard, Como falar de livros que não lemos? toca a provocação pela determinação e ousadia com que o autor coloca esta questão polémica. É curioso como Bayard consegue ser verdadeiramente convincente quando se revela "não-leitor" e discursa sobre alguns autores de renome e sobre livros "não lidos", seleccionados meticulosamente, provocando no leitor a vontade urgente de ler ... Aqui vos deixo uma manchinha negra da tradução portuguesa (por Maria Amaral e Sílvia Sacadura) que terá denegrido a imagem deste escritor, também professor de Literatura Francesa na Universidade Paris VIII, junto dos seus alunos. Aqui vos deixo uma pequena mancha negra da tradução portuguesa prova viva disso:
"O terceiro constrangimento diz respeito ao discurso sobre os livros. Segundo um postulado implícito da nossa cultura é necessário ter lido um livro para se falar dele com alguma propriedade. Ora, de acordo com a minha experiência é perfeitamente possível manter uma conversa apaixonante acerca de um livro que não se leu, incluindo - e, talvez, sobretudo - com alguém que também não o leu".