quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

ESPERA - EUGÉNIO DE ANDRADE

Pablo Picasso, A Espera
                    
Horas, horas sem fim,
pesadas, fundas,
esperarei por ti
até que todas as coisas sejam mudas.


Até que uma pedra irrompa
e floresça.
Até que um pássaro me saia da garganta
e no silêncio desapareça.


Eugénio de Andrade, As Mãos e os Frutos

2 comentários:

Caridee disse...

Por vezes espera-se demais, e depois, entre todo aquele silêncio e solidão que crescem de momento a momento, irrompe um pensamento, uma visão de que simplesmente esse alguém não vai voltar. Uma realidade incontornável que por vezes demoramos de mais a perceber.
Porque de uma pedra nasce uma flor, de um silêncio nasce um grito, e num segundo tudo é absorvido até ao último resquício de horas que em tempos não foram de espera, mas sim de sonhos e alegria.


poema belíssimo

Anónimo disse...

A tua emoção nasceu flor, nestas palavras que disseste. bjinhos.

Patrícia