segunda-feira, 7 de junho de 2010


Sobre o Verão de Jonh Coetzee, apetecia-me dizer num texto imenso muitas palavras de elogio, transcrever muitos excertos fascinantes e até voltar a lê-lo e comentá-lo página por página, ou pelo menos, capítulo por capítulo ... a página que me enviaste, linda amiga, foi uma alegria e em simultâneo uma tomada de consciência de que há outros que fizeram da mesma leitura a mesma alegria . Há outros que constatam que há livros e autores que forçosamente têm que ser lidos e pensados por valerem tanto a pena... Fiquei imensamente contente por verificar que com este livro não restam dúvidas da qualidade especialmente superior dos textos deste autor que se mostra num texto aparentemente autobiográfico tão reticente contra si próprio, tão capaz de se pensar e de se mostrar ao mundo cheio de "defeitos", de inventar um modo de narrar tão novo (através de entrevistas - na sua forma tradicional ou transformadas em texto narrativo na 3ª pessoa - realizadas por um biógrafo a algumas personagens que o conheceram e o marcaram por variadas razões que o leitor nem sempre entende; através dos seus simulados cadernos de notas a abrir e a fechar a obra ). É caso para anotar que hoje é tão difícil criar qualquer coisa nova que o que Coetzee faz é um prodígio na Literatura. Inventar-se morto bem como um centro de interesse desse outro biógrafo desconhecido, projectar-se para além da morte em palavras de quem o conheceu e não o amou verdadeiramente não é para todos! E afinal, onde está a verdade dos pormenores da vida que lemos na Litertura? Isso, realmente, passa-nos ao lado perante a genial arquitectura do romance, perante a criatividade e o interesse de tudo o que nos diz e sente através das suas geniais personagens.

Deixo o fecho da página intitulada "La Verdad de Coetzee" (que me enviaste este fim-de-semana) sobre este escritor e as suas obras autobiográficas mais recentes que tanto gostei de ler:
«Diría que el libro es deslumbrante si no fuera porque el deslumbramiento no deja ver y aquí, en cambio, lo que hacemos es, precisamente, ver. Léanlo como quieran ustedes, como cierto o como no cierto, pero léanlo; por su extrema inteligencia, por el derroche de talento, por su capacidad de convicción y por abrir nuevos caminos a la escritura narrativa. Por aquí sí se cuece el futuro de la novela.»

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