domingo, 20 de março de 2011

NÃO HÁ DOMINGO SEM POESIA


uns mortinhos pequenos
valter hugo mãe por valter hugo mãe
do livro contabilidade/o inimigo cá dentro
leitura dedicada à isabel ribeiro, de aveiro

uns mortinhos pequenos



tenho uns caixõezinhos no coração que me
nasceram quando partiste, se regados com
cuidado, brotam mortos como flores negras pelo
interior das veias, que me assombram o sangue, corando
a minha pele numa vergonha e sentindo medo


são uns mortinhos muito pequenos que muita gente
nem sabe que existem. acreditar em fantasmas é
só possível para quem tem muito amor e recusa a
pequenez da vida sem continuação


tenho uns caixõezinhos no coração que se
abrem a toda a hora, quando me deito, ouço-os
embatendo de encontro ao peito talvez, com vontade
de ir embora, talvez só por ser o amor tão estreito.


valter hugo mãe



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