Precisão, Clarice Lispector
O que me tranquiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição.
O que me tranquiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição.
2 comentários:
Querida amiguinha Pat:
Ao reler o poema da Clarice de repente apeteceu-me fazer este reparo: parece-me que a poeta (sem a querer menosprezar de forma alguma) faz uma certa confusão na utilização dos conceitos exactidão e precisão. Em ciência têm significados distintos mas neste contexto parece-me que ela os usa indistintamente. O que te parece? Muitos beijos
Ana Bela Ana,
só tu quererias reflectir sobre isto, minha amiga cientista!
Acho que realmente ela confunde os conceitos (por eles serem realmente sinónimos na linguagem comum). No entanto eu escolheria a mesma palavra do que ela pois de "precisão" parece desprender-se subjectivamente a ideia de processo e da sua perfeição ("em aberto") ao pormenor.A minha sensibilidade aponta-me a palavra "exactidão" como conotada mais severamente, lembrando-me mais de "correcção" do que da "perfeição" tão importante no final do texto desta poeta. (...) Bjinhos
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