A minha irmã é uma embarcação em descoberta. As suas mãos são brancas e esvoaçam cada vez que fala. Dedos de nuvens vogam sobre a sua voz segura e oscilante. Apontam a rota do sentido absoluto das coisas. Os meus olhos acompanham essa levitação e aí descobrem a explicação do universo. Aí encontram os seus órgãos vitais suspensos lado a lado com os cometas, com as estrelas, com os planetas. E é tudo a mesma pele que brilha nessa escuridade. Nesse buraco fundo chamado medo. É tudo a mesma força transtemporal.
Por dentro da viagem que domina, encontro o instante em que habitei no seu ventre. Não me perguntem como foi isto possível… Sinto-o no espaço da prega rente ao corpo do seu vestido de lã. Num prenúncio do seu umbigo encoberto, que me surge repentinamente, como um ouvido. Acontece-me um umbigo-búzio. É de lá que ouço os meus segredos em maré cheia. Encontro o meu ser primitivamente balbuciante, ainda sob flutuações sem quaisquer palavras. O meu princípio.
Fiz-me da língua frenesi que ela fala. Desse amor que se desprende dos seus lábios, do avesso das suas pálpebras fechadas, vindo de um âmago infinitamente belo, como nunca se viu.
Por dentro da viagem que domina, encontro o instante em que habitei no seu ventre. Não me perguntem como foi isto possível… Sinto-o no espaço da prega rente ao corpo do seu vestido de lã. Num prenúncio do seu umbigo encoberto, que me surge repentinamente, como um ouvido. Acontece-me um umbigo-búzio. É de lá que ouço os meus segredos em maré cheia. Encontro o meu ser primitivamente balbuciante, ainda sob flutuações sem quaisquer palavras. O meu princípio.
Fiz-me da língua frenesi que ela fala. Desse amor que se desprende dos seus lábios, do avesso das suas pálpebras fechadas, vindo de um âmago infinitamente belo, como nunca se viu.
1 comentário:
doce amiguinha
que belo presente... que belo hino...
se nada dissesses eu suporia que falavas da tua mae. que elogio... que sorte a da tua irmã. muitos beijos amiguinha
anabela
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