"O ponto de partida deste livro é a obra dos autores - nunca aspectos biográficos. Uma ideia ou apenas uma palavra mais usada pelo escritor (por vezes, mesmo associações inconscientes e puramente individuais) estão na origem do texto. Mas cada fragmento sege o seu ritmo próprio.
O percurso de leitura poderá ser determinado pelo acaso ou pela vontade dirigida (e não apenas pela sequência da paginação). Agrada-me a ideia de que alguém possa ler alguns destes fragmentos hoje, e outros daqui a alguns anos."
Adorei este fragmento com que me deparei casualmente na letra h, quando procurava vorazmente Harold Bloom:
Hans Magnus Enzensberger
Um homem, com os pés dentro de uma caixa, faz um discurso sobre a rapidez no mundo.
Outro homem, com a cabeça numa caixa, faz um discurso sobre a clareza no mundo.
Um terceiro homem, com uma caixa em redor das ancas, faz um discurso sobre a necessidade de a sedução ser uma prática tão considerada socialmente como a simpatia.
Entretanto, no canto da sala, uma caixa sem homem nenhum permanece imóvel e muda (como seria de esperar). Mas essa caixa perturba. Porque traz um mistério.
Magnus Enzensberger (11 de novembro, 1929 11 de Novembro de 1929 em Kaufbeuren) é poeta, ensaista, tradutor e editor alemão. É também escritor sob o pseudônimo de Andreas Thalmayr, Linda Quilt, Elisabeth Ambras e Serenus M. Brezengang.
Enzensberger estudou literatura e filosofia nas universidades de Erlangen, Freiburg, Hamburgo e também em Sorbonne, Paris, recebeu seu doutorado em 1955.
Trabalhou como redator na rádio de Stuttgart e exerceu a docência até 1957, com o volume de poesias Verteidigung der Wölfe (Defesa dos Lobos).
Entre 1965 e 1975 foi membro do Grupo 47. Em 1965 criou a revista "Kursbuch" e desde 1985 edita a série literária Die andere Bibliothek.
Publicou entre outras obras Zigue Zague, O naufrágio do Titanic, Outra Europa.
Também gostei muito do texto para Virginia Wolf. Ora, lê:
Virginia Wolf
Numa festa 1, 2, 3 homns passeiam com os seus quilos e os seus membros.A mulher traz uma rosa que ontem lhe ofereceram. Tem os olhos verdes e as rosas vermelhas. Uma mulher inteligente, mas tem pele, como as outras. O seu cabelo é uma pintura que os homens observam demoradamente. Todos os outros penteados parecem falsificações.
2 comentários:
Doce amiguinha
estou multiplamente feliz!
Por teres estado comigo!
Por teres vindo a minha casa com a tua família toda!
Por teres trazido o teu Paulinho e os teus rebentos!
Por ter recuperado finalmente o aspecto do nosso blog!
Por ter tanta coisa bela à minha espera para ler!
Vou começar!
Beijos , muitos beijos
(até já!)
Anabela
Doçura
Obrigada! Gostei dos dois autores que escolheste! Haveria tanto a dizer sobre a Virginia Woolf... Repara bem que até o Gonçalo duvida que pudesse ter existido uma mulher assim!
Já agora, encontraste Harold Bloom? Escreve-me sobre ele! Quem foi? Porquê atribuir o nome dele a um dicionário?
Beijos
Anabela
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