domingo, 17 de janeiro de 2010

Eric Rohmer

A propósito da morte de Eric Rohmer, o canal 2 exibiu ontem à noite, em homenagem ao realizador, dois filmes. Só tive oportunidade de ver o primeiro filme, A minha noite com Maude, mas apreciei o existencialismo imposto à história. De facto, trata-se de um filme que se desenrola em torno da problemática do amor ou amores e insere-se numa série de 6 filmes sob a temática comum de contos morais. Os diálogos são profundos e filosóficos, como convém ao cinema da Nouvelle Vague.A este propósito deixo um dos diálogos do filme mais difíceis de interpretar e em que os personagens se debruçam sobre o pensamento de Blaise Pascal, que para além de cristão era matemático. O filme assume que a vida pode ser perspectivada tendo por base o triângulo de Pascal, implicitamente representando os triângulos amorosos, e que essa existência é dolorosa e triste. A esse propósito transcrevo uma frase que gostei e retive:

"Os jansenistas são tristes".

Eric Rohmer foi pioneiro da nouvelle vague

Cineasta que morreu na segunda-feira, aos 89 anos, deixou legado de filmes autorais, de caráter intimista, sempre focado em relações amorosas e com forte viés filosófico A morte do cineasta francês Eric Rohmer, na segunda-feira, em Paris, aos 89 anos, encerra um importante capítulo da história do cinema.Nascido Jean-Marie Maurice Schérer em 21 de março de 1920, em Tulle (França), Rohmer foi um dos maiores nomes do cinema e figura central da nouvelle vague – “nova onda”, movimento do final dos anos 1950 criado por jovens críticos como Jean-Luc Godard, Claude Chabrol e François Truffaut (1932-84) que questionava o cinema clássico francês.Rohmer era conhecido por seu estilo intimista, com filmes sobre desencontros amorosos que colocavam a palavra no centro da ação cinematográfica. Seus diálogos tomavam a forma de divagações filosóficas. Em artigo publicado em sua edição eletrônica, o jornal Le Monde classificou a obra de Rohmer como uma “concepção muito francesa da arte”.“Clássico e romântico, inteligente e iconoclasta, leve e sério, sentimental e moralista, ele criou o ‘estilo Rohmer’, que sobreviverá a ele”, disse o presidente francês, Nicolas Sarkozy, em nota oficial, acrescentando que Rohmer foi um “grande autor, que continuará dialogando conosco e nos inspirando por anos e anos”.– Cada um de seus filmes era um jogo compartilhado, com regras próprias, em que cada ator fazia sua parte – disse Serge Toubiana, diretor da Cinemateca Francesa.Camus e Renoir foram influências.

Rohmer venceu o Leão de Ouro pelo conjunto de sua obra no Festival de Veneza, em 2001, e foi indicado ao mesmo prêmio pelo filme Os Amores de Astrée e Céladon em 2007, ainda inédito no Brasil. O diretor foi indicado uma vez ao Oscar, por melhor roteiro, em 1971, por Minha Noite com Ela. Venceu também o Urso de Prata, no Festival de Berlim, pelo filme A Colecionadora, em 1967.Em texto publicado segunda-feira, o Le Monde lembra ainda sua “sutileza espiritual, seu gosto pela impertinência e pela liberdade”, classificando o diretor como “representante do cânone do cinema francês” e, ao mesmo tempo, um “clássico contrariado”. Antes de se dedicar à direção de filmes, Rohmer foi crítico de cinema e comandou a revista Cahiers du Cinéma de 1957 a 1963. Rohmer era considerado o mais conservador do grupo. Nas críticas que escreveu, defendia o cinema clássico de Hollywood e foi um dos primeiros a reconhecer a importância do britânico Alfred Hitchcock.–Há em todos os meus filmes algo que não é leve – afirmou Rohmer em entrevista de 2007.Cita entre suas influências o norte-americano Howard Hawks, o francês Jean Renoir e o italiano Roberto Rossellini. Na literatura, enumera entre seus preferidos o escocês Robert Louis Stevenson e o norte-americano Herman Melville. Lembra-se também de O Estrangeiro (1942), de Albert Camus, livro que inspirou sua ideia de um “presente no passado”.– É um pretérito simples, só que no presente. Não marca a continuidade da ação, mas o momento da ação – disse.Rohmer tem três principais ciclos: os Contos Morais; Comédias e Provérbios (ambos com seis filmes cada um); e Contos das Quatro Estações.

2 comentários:

Anónimo disse...

Minha querida, que pena as margens do texto estarem cortadas. O texto não se consegue ler...vou esperar que o componhas...Bjinhos

Patrícia

Anónimo disse...

Linda amiga,
gostei muito do teu comentário e informações sobre este realizador que me parece ser fora de série. Obrigada pelo excerto do filme que parece ter tanto sumo e está atenta pois vai estar à venda brevemente alguns DVDs dele. Dei de caras com a publicidade a alguns filmes deles no Expresso.Vou tentar adquiri-los. Muitos bjinhos.

Patrícia