segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Anos de Cão - Günter Grass

A propósito dos duros anos de repressão de que o muro de Berlim foi prova, lembrei-me das narrativas de Günter Grass, autor que muito admiro, e do espelho fidelíssimo que elas constituem da História que os Alemães desenharam, cheia de caminhos tortuosamente absurdos e espectaculares por todo o lado negro do ser humano que apresentam. Fica a sugestão de "Anos de Cão":
"Numa pequena aldeia alemã, o pequeno Walter Mattern e o seu amigo de infância, o meio-judeu Eddi Amsel, são o fio condutor para que um certo narrador que se assina Brauxel, Haksel ou Castrop-Rauxel, conforme o momento componha o painel da Alemanha entre a Primeira Guerra Mundial e os anos da Guerra Fria. Eddi Amsel começa a ganhar a vida fazendo e vendendo espantalhos, e, com isso, acaba transformando-se numa grande figura do processo industrial alemão. Senta, filhote do cão Perkun pertencente a Walter Mattern será pai de um cão pastor nobre, presenteado a Hitler ? motivo de orgulho para Walter, a quem o nazismo separa de Eddi. Com imagens fascinantes, uma narrativa forte e enorme plasticidade, Grass constrói um romance envolvente em que os personagens recriam o clima tenso da Alemanha do Führer. Anos de cão, publicado originalmente em 1963, integra a trilogia que o autor dedicou a Dantzig, a sua cidade natal, e da qual também fazem parte O tambor (1959) e Gato e rato (1961). Com Anos de cão, Günter Grass, activista político, ex-soldado da Luftwaffe e artista plástico, confirma o seu talento para a verdadeira instituição alemã que é o conto de fadas. Fábula e política são os trilhos de uma história comovente em direcção à liberdade. "
Sobre o próprio Günter Grass (que aliás, quando se deu a queda do muro se mostrou reticente quanto à reunificação da Alemanha, facto que me demonstra que esse muro de pedra se tinha alastrado ao interior das pessoas, circulando, também, dentro delas, configurando a desconfiança com muitos metros a mais de altura do que o próprio muro de Berlim...esse muro ainda hoje não foi totalmente derrubado.):
Günter Grass (1927 - ) Prémio Nobel de Literatura em 1999, Günter Wilhelm Grass nasceu a 16 de outubro de 1927 em Danzig, na Alemanha, hoje cidade polonesa (seus pais eram alemães de origem polonesa). Durante a Segunda Guerra Mundial, Grass serviu na Força Aérea alemã, e terminou como prisioneiro do exército americano. Foi trabalhador rural e de minas, e depois foi estudar arte em Düsseldorf e Berlim. Entre 1956 e 1959 manteve-se como escultor, pintor e escritor em Paris e Berlim. Seu primeiro romance, ´O tambor´ (1959), foi também seu primeiro sucesso, tendo sido adaptado ao cinema em 1979. Seguiram-se ´Gato e rato´ e ´Anos de cão´, que completam a chamada ´trilogia de Danzig´. Na década de 1960 associou-se ao partido social-democrata, e advogou pela participação política de artistas e intelectuais. Como artista gráfico, Grass costuma desenhar as capas de seus livros e fazer exposições de aquarelas. Sua ficção mistura admiravelmente a fantasia com o realismo, com elementos do macabro e simbolismo que muitas vezes explora o tema da culpa coletiva.
Marcelo Cid

1 comentário:

Anabela disse...

Doce Pat

Li em tempos que este premiado autor ainda sofre imenso com os acontecimentos da Grande Guerra, e tantos anos passaram ja´!
Nunca li nada deste autor mas certamente que deve ser mutio bom...
muitos beijos
anabela