Linda amiga,
Nas Correntes d'Escritas senti-me acorrentada às palavras (e à voz poderosa) de Ivo Machado. Ele é o verdadeiro poeta. Vê como ele faz correr as ondas sobre as palavras...
« “Não há limites para as palavras. Nós é que impomos limitações à palavra”, referiu Ivo Machado que revelou que o “poema surge como uma rebentação, uma maré de palavras que vêm contra nós”. “A poesia é que nos vem dizer o quão pouco claras são as coisas que nos aparecem claras”, acrescentou.»
Um poema dele que serve de abrigo. Sinto-lhe o telhado bem inclinado, mesmo por cima da primeira estrofe. Ler o poema-casa é abrir a porta da poesia de Ivo Machado...Lê tu, agora, mesmo sem a chave:
CASA
Das casas sobram sempre lamentos,
languidez do amor nos rios dum lençol, a mão
disforme nos lábios húmidos duma palavra;
das casas restam sempre nomes, vozes
das casas cresce uma alma
que esmaga o tecto minúsculo das mariposas
do Verão; das casas sempre um cheiro de nascer;
das casas sempre o roçar das asas da morte.
Nascer e morrer na mesma casa é privilégio,
sabedoria, ou sublime instante de passagem,
apenas.
Montevideo, 28 de Janeiro de 2006
(inédito)
sexta-feira, 5 de março de 2010
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1 comentário:
amiguinha
gosto muito de Ivo Machado! Curiosamente à cerca de 2 anos soube da existência deste poeta pela rádio. Ele na altura dava uma entrevista e fiquei maravilhada com a forma como ele contava as estórias da sua vida! Uma voz de poeta, sem dúvida alguma!
Obrigada por partilhares comigo a emoção de ter estado ao seu lado! A tua descrição fez-me sentir que tinha lá estado!
Muito beijos amiguinha
anabela
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