Num dia cinzento e gelado ocorreu-me deixar de desejar muito. Abstrair-me de qualquer um dos meus pensamentos mais insólitos.
Quebrar a rotina era um vício. Uma pena a cumprir. Como uma paixão que crescesse tanto que mesmo que os outros não a entendessem, ela era óbvia.
Confesso que o meu corpo sempre obedeceu à fantasia que costura rente à pele. Ri-se com ela, abraça-a na sua sensualidade irrecusável. Até que um dia.
Até que um dia se escarpa. Rebenta em galhos a cabeça. Estalam abrolhos no lugar das mãos macias. E no lugar dos pés não há raízes que consigam estacar essa loucura.
1 comentário:
Quando se deixar de se desejar muito, deixar-se-á espaço para ser-se, e a plenitude estará a um passo curto de ser alcançada.
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