quarta-feira, 22 de setembro de 2010

ENTROU O OUTONO


entrou o outono pela terra batida
que empurrou de vez o verão
contra um tempo sumarento
contra quentes dias contados


abriu uma brecha muito fria
logo de manhazinha
na planta dos pés
uma ferida uma nostalgia
uma necessidade viva e daninha
de pisar arrasar  transmutar
as flores em folhas em morte
ressequidas torcidas saudosas
para que a mudança perpetue
todas as vidas sofridas


PS: Linda amiga, fico à espera do novo outono que darás ao nosso hall, à nossa casa digital como de pão para a boca...bjs

1 comentário:

Anabela disse...

Amiguinha

denoto um poema triste... e percebo que a nostalgia do Outono não te agrada!De facto, nesta época do ano a Natureza curva-se sobre si própria... expansão febril do verão `segue-se um período de introspecção, de encurvamento em nós próprios! Sinto essa nostalgia também, mas sempre apreciei os tons outonais! Adoro os vermelhos, os amarelos, os ocres que tornam a natureza de uma beleza ímpar! Mas concordo que a sensação de envelhecimento e tristeza se apodere mais fortemente de nós! è época de reflexão... de repensarmos na nossa condiçaõ mortal que tanto nos faz sofrer! E por isso amiga, apesar dessa cadência triste, gostei muito muito do poema... e até senti o barulho (que tanto adoro!) das folhas secas a serem esmagadas pelos pés!!!!
Senti o vento do norte, os dias cinzentos com uns raios de sol à mistura (ainda que ténues) e senti... que viver foi, é e continuaraá sempre a ser um fardo doloroso!
Desculpa as impressões... foi assim que senti este teu desabafo... e por ser um dia menos alegre para mim, esta foi a interpretação que fiz!
Como sempre, minha amiga, um lindo poema à espera de ser partilhado por outras almas sedentas de emoção, como a minha!!!
Muitos beijos