A fotógrafa espanhola Lia G., que está em exposição na Colorida Galeria de Lisboa até dia 14 de Agosto, consegue surprender-nos com uma foto simplesmente bela. Apetece-me comentar que quando a beleza é absoluta dá vontade de prová-la. De resto, a mim também me apetece ir ver esta exposição, intitulada "Íntimas" que apresenta muitas fotografias interessantes como esta.
Lembrei-me da borboleta de Nabokov e da alegria que deve ser aliar a paixão da escrita à obsessão por borboletas, como acontece com Vladimir Nabokov. Transcrevo parte da crónica de António Mega Ferreira sobre a borboleta azul:
"A Borboleta de Nabokov
No princípio dos anos quarenta o escritor Vladimir Nabokov descobriu, ao acaso dos seus passeios por uma ampla zona de pinhal próxima de Albany, no estado de Nova Iorque, que uma espécie de borboletas especialmente abundante na área ainda não estava classificada. Chamou-lhe Lycaeides melissa samuelis, e com isso, antes mesmo que a celebridade o consagrasse com a publicação do seu romance Lolita, em 1958, Nabokov entrou na história da entomologia. Trinta anos depois, no princípio da década de setenta, Nabokov estava convencido de que a sua descoberta era bastante mais revolucionária do que pensara: a borboleta azul, a Karner azul, não era apenas uma variante de uma família mais vasta, mas uma espécie autónoma, relacionada especificamente com o habitat do pinhal de Albany.
Em 1988, mais de dez anos após a morte de Nabokov, um artigo publicado pela revista Natural History lançou o grito de alarme: a borboleta de Nabokov poderia estar ameaçada, a prazo mais ou menos previsível. A construção de um complexo comercial em parte da área onde tradicionalmente a Karner se desenvolvia viria perturbar o equilíbrio ecológico de forma tão dramática, que as fontes de subsistência e de desenvolvimento da raríssima espécie acabariam por desaparecer – e, com elas, a própria Karner, que, segundo os especialistas, sobreviveu às profundas transformações ambientais verificadas há 12 mil anos, mas não seria capaz de escapar ao cataclismo dos bulldozers e do cimento."
Em 1988, mais de dez anos após a morte de Nabokov, um artigo publicado pela revista Natural History lançou o grito de alarme: a borboleta de Nabokov poderia estar ameaçada, a prazo mais ou menos previsível. A construção de um complexo comercial em parte da área onde tradicionalmente a Karner se desenvolvia viria perturbar o equilíbrio ecológico de forma tão dramática, que as fontes de subsistência e de desenvolvimento da raríssima espécie acabariam por desaparecer – e, com elas, a própria Karner, que, segundo os especialistas, sobreviveu às profundas transformações ambientais verificadas há 12 mil anos, mas não seria capaz de escapar ao cataclismo dos bulldozers e do cimento."
António Mega Ferreira, A borboleta de Nabokov, Editorial Notícias
Para mais curiosidades sobre a investigação levada a cabo por Nabokov, cientista, veja-se a página: http://www.nabokovmuseum.org/en/news/17/
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