A QUESTÃO QUE PREOCUPAVA NAQUELE MOMENTO O SR JUARROZ ERA ESTA: SE A MÚSICA É, NO FUNDO, AR A UM DETERMINADO RITMO, E SE A RESPIRAÇÃO HUMANA É CONSTITUÍDA PELA EXPIRAÇÃO-QUE EXPULSA O AR- E PELA INSPIRAÇÃO QUE ENGOLE AR- SERÁ QUE ELE- O SENHOR JUARROZ ESTARIA NAQUELES INSTANTES A INSPIRAR AQUELA MÚSICA TERRÍVEL QUE UMA BANDA INGÉNUA TOCAVA?
Esta inquietação existencial é esplêndida! Na verdade, e se nos debruçarmos sobre o conceito corpuscular da matéria (Teoria Atómica da Matéria que remonta a Demócrito - 300 aC- e muito posteriormente reapropriada por Dalton- que sofria de daltonismo e foi ele que estudou esta patologia ), tudo o que nos rodeia é constituído por entidades microscópicas- os átomos.
Ao respirarmos de facto respiramos átomos de ar, de música, de nuvens, de odores!
A exclamação do Sr Juarroz é de facto brilhante: somos comedores de música! Comedores cósmicos... Lindo!
1 comentário:
Li em voz alta ao Paulo esse excerto que transcreves porque também o achei espectacular. Inspirar atómos musicais, ainda para mais não gostando do seu estilo, ser penetrado por eles contrariado - é uma humilhação subtermo-nos ao mau gosto dos outros. Ter que gramar a cultura dos outros. A cultura é um lugar público.Engolir música à força como se engole o fumo de um cigarro fumado com todo o prazer pelo vizinho do lado, que nem sequer conhecemos... Simplesmente revoltante.Minha querida Ana Bela, adoro o excerto tal como tu. Bjs com agitação atómica para ti.
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