- São posturas semelhantes.
- Não concordo. Uma, a da menina da janela da casa velha. Outra a da árvore que espreita a casa.
- Como assim?
- Vê que ela apoia toda a incompreensão e devaneio sobre a palma da mão em concha que prende aos lábios.
- E a outra?
- A outra está danada. Não se sente capaz de inventar, de chamar com o movimento dos braços, nem sequer de se tocar a si própria como se fosse outra árvore qualquer.
- E porque será?
- Detesta que olhem para ela quando está nua. Deseja uma folhagem qualquer...por isso se torce muito sobre o tronco arqueado. Parece mais velha.
- E a menina da janela interdita?
- Imagina-se aquela árvore a ensombrar a sua própria casa com a beleza austera que o inverno traz.
- Vendo assim, com as tuas palavras, parece-me tudo verdade...
- Se olhares só para a janela, vês as duas lado a lado. Uma saboreia a idade, outra teme que as ramagens não voltem a cobrir-lhe os pulsos, os braços, as axilas rugosas.
- E a menina sabe?
- Sabe que ela já foi grandiosa por isso tem pena dela e não consegue desviar o olhar da decadência que dela grita fortemente como a pedir que a deixem recordar tudo, sem interferirem quaisquer olhos de incredulidade.
2 comentários:
Doçura linda
Agora deixaste-me desconcertada!!! Completamente!!! è da tua imaginação este diálogo? Foste tu que o construiste este diálogo a partir desta magnífica pintura de uma menina na janela? Sei que sim... mas está genial! Este diálogo que fala das vistas para aquela janela!!! Lindo! Outonal... como a época merece... como o ser humano merece! DESLUMBRANTE! Que dizer mais... as palavras não me saem...
ainda bem que és tu que me lês para só ouvir coisas bonitas...linda amiga. bjs por detrás da palavras.
patrícia
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