sábado, 13 de novembro de 2010

JANELAS DO MUNDO

Tenho o mar à minha espera. Nem sei o que pensar... custa-me sempre regreSsar, custa-me a partida até às raízes do meu ser. Saber que ele fica assim imóvel e queixoso, quase três semanas, sem mudar de cor, sem expulsar ninguém dos seus caminhos, apenas a espumar, a vazar, a bramir quando a noite se deita sobre ele, e como uma amante, o beija e o lembra do meu corpo leve e branco, num sussurro muito escuro e apertado, como se aquela meia-voz viesse do fundo de uma caixa de marfim...

3 comentários:

Caridee disse...

A janela é bastante bela, mas o texto é simplesmente soberbo. Fez-me lembrar quando era pequenina e, ao domingo à tarde, via a minha mãe ir embora. O dizer adeus, a despedida, custava-me. e depois ficava sempre na varanda, a ver o carro virar para a rua impossível de avistar, enquanto as lágrimas corriam, eu simplesmente ficava alí, de pé, a pensar quanto tempo faltaria para o próximo fim-de-semana.

talvez nem tenha muito a ver, mas ao ler o texto foi o que me veio ao pensamento automaticamente
bjinho

Caridee disse...

esqueci-me de uma coisa
adorei ouvir aquele pequeno excerto na sexta de manhã. O toque brasileiro, o calor das palavras, o ciúme visto de uma outra forma...simplesmente tornou aquele dia tão gélido num dia quase de verão. obrigada

Leitoras SOS disse...

Talvez porque associes o mar à partida, a uma despedida que marca a nossa memória para sempre.
Patrícia