domingo, 20 de setembro de 2009

A Vida Interior de Martin Frost

Acho boa ideia ocuparmos uma galeria do nosso blog com os filmes da nossa vida. Podemos dividi-los nas categorias "visto" e "expectante por ver" - V. e EV. . Os filmes mais antigos reabilitam uma doce memória de nós mesmas e têm o estranho poder de fazer reviver uma aparente realidade onde também nós um dia nos cruzámos com determinadas personagens, espaços e histórias. Os mais recentes criam pontes em que o nosso dia-a-dia se cruza e se espreita, em que a actualidade nos apanha desprevenidas, e nos presenteia... com obras de arte que cheiram a fresco...
Aproximo a literatura do cinema com imensa felicidade... Dou sempre comigo a pressentir nos filmes , as folhas de papel, os livros que os pré-determinaram. Literatura e cinema formam o casal perfeito, não achas? ELA, inventiva e imprevisível, constrói os espaços, instaura um (ou múltiplos) tempos, sempre com a ingenuidade própria do sonho (mesmo do mais provocador e obsceno). Enfim, ELA constrói e ELE, sensível, adulador, seu conformado cativo, mostra ao mundo.

Transcrevo a síntese da contracapa do DVD de The Inner Life of Martin Frost ( acho incrível a palavra que a língua inglesa arranjou para designar interior (inner), possivelmente motivada pela preposição com o mesmo sentido "in" - as palavras encantam como o som da flauta que encanta a serpente...)

"Um escritor de sucesso acabou de publicar o seu último romance e decide ir descansar sozinho para uma casa de campo. Na manhã do seu primeiro dia na casa, ele descobre uma misteriosa e surpreendente mulher deitada a seu lado. Fascinado pela sua beleza e inteligência , Martin apaixona-se profundamente por ela. Ele encontrou a musa que o leva sem remissão a escrever o seu livro mais perfeito. Mas quem é essa estranha mulher que tão bem conhece a sua vida e o seu trabalho? Será uma musa verdadeira? Ou imaginária? Ou um fantasma que se introduziu na vida interior de Martin Frost?"

Não me posso esquecer de referir que por detrás deste magnífico filme está Paul Auster, um não menos magnífico escritor, de quem sou refém há muito... Aproveito ainda para dizer que o produtor é o português Paulo Branco e que o filme é rodado cá em Portugal, um país com locais que fascinam Auster (quem diria?!) Sophie Auster, a filha do romancista, também participa no filme.


1 comentário:

Anabela disse...

Doce amiga
Gostei e achei graça à classificação cinematográfica proposta !
Quanto ao cinema como arte: quem ama a literatura inevitavelmente acaba por amar o cinema! Poderá ser uma ideia empírica mas a verdade é que a força da imagem, da bela imagem!, acaba por levar-nos a uma leitura, só que feita de forma diferente!
Gostei da associação que fizeste entre o ELA-literatura e o ELE-cinema e fez-me pensar num casal que se complementam. Mesmo quando em certos casos a visão do realizador nos troca as voltas e achamos que o livro é melhor...

Sobre este filme: a verdade é que ouvi muito boas críticas à película mas ainda não o vi. Gostei do trailer que escolheste e espero poder vê-lo brevemente. Fiquei surpreendida por saber:
1º que é baseado na obra de Paul Auster (embora não seja refém como tu, entendo que a escrita dele é viciante);
2ºque se passa em Portugal e tem o Paulo Branco na ficha técnica.
Certamente um filme que deve valer a pena.
Muitos beijos
Anabela
Muitos beijos
Anaebla