terça-feira, 27 de outubro de 2009

Pranto de Ménon por Diotima - Friedrich Holderlin





Pranto de Ménon por Diotima

De nada serve,ó deuses da morte,enquanto tiverdes
Em vosso poder,prisioneiro,o homem acossado pelo destino,
Enquanto,no vosso furor,o tiverdes lançado na noite tenebrosa,
De nada serve então procurar-vos,suplicar-vos ou queixarmo-nos,
Ou viver pacientemente neste desterro de temor,
E escutar sorrindo o vosso canto sóbrio.
Se assim for,esquece a tua felicidade e dormita silenciosamente.
No entanto brota no teu peito uma réstea de esperança,
Tu ainda não podes,ó minha alma!Não podes ainda
Habituar-te e sonhas dentro de um sonho férreo!
Não estou em festa,mas gostaria de coroar-me de flores;
Não me encontro eu só?Mas algo apaziguador deve
Aproximar-se de mim vindo de longe e sou forçado a sorrir e a admirar-me
Por experimentar alegria no meio de tão grande sofrimento.

(tradução de Maria Teresa Furtado)




Alguns apontamentos sobre Diotima (a Diotima de O Banquete de Platão é a mesma de Holderlin em Hypérion bem como do poema de Vasco Graça Moura. Ela não é mais do que o símbolo do amor ideal e romântico):

"No Simpósio, de Platão, Sócrates revela que foi a sacerdotisa Diotima de Mantinea que o iniciou nos conhecimentos e na genealogia do amor. As idéias de Diotima estão na origem do conceito socrático-platônico do amor.

Diotima de Mantinea é uma filósofa grega com um papel importante no Simposyum de Platão. A filosofia de Diotima está na origem do conceito platónico de amor. A única fonte sobre ela é o próprio Platão e por isso não é possível assegurar se era uma personagem ou alguém que de facto tenha existido. Entretanto, praticamente todos os personagens dos diálogos platónicos correspoderam a pessoas que viviam na antiga Atenas. Na obra, há uma passagem sobre o significado do amor. Sócrates é o mais importante dentre os homens presentes. Ele diz que na juventude foi iniciado na filosofia do amor por Diotima, que era uma sacerdotisa. Diotima lhe ensinou a genealogia do amor e por isso as ideias de Diotima estão na origem do conceito socrático-platónico do amor. Segundo Jospeh Campbell, “não é por acaso que Sócrates nomeia Diotima como aquela que lhe deu as instruções e os métodos mais significativos para amar/falar. A palavra falada por amor é uma palavra que vem das origens.”

3 comentários:

Anabela disse...

doce, doce amiga:

estou radiante! Em primeiro porque finalmente desvendou-se o misterio da Diotima no poema do Vasco Graça Moura! (Obrigada pelo poema que colocas no post seguinte e de que eu tanto gosto!). Depois, estou radiante pela mera e remota hipotese de ter existido no periodo de Socrates e platao uma hipotetica mulher filosofa! Afinal o livre pensamento poderia nao estar vedado as mulheres! E essa hipotese deve deixar-nos esperançosas de que os gregos afinal sabiam quando falam da palavra DEMOCRACIA!
(nunca me conformei que homens tao sabios pudessem acreditar que as mulheres eram seres inferiores e esta remota hipotese deixa-me por isso mesmo bastante contente!).
Gostei de saber que Diotima esta associada ao amor!Ao amor socratico e platonico! Genial amiguinha!
Obrigada por me contares tantas historias belas... acho que vou gostar ainda mais do "Lamento por Diotima".
(vou escrever a seguir sobre Holderlin)
Bjs

Anabela disse...

ola de novo:

E facil para mim falar-te do Pranto de Menon por Diotima! ´´e que tenho ``a minha frente o papelinho clarinho e com letrinha miudinha (amiguinha!)...
Desconhecia Friedrich Holderlin! E o nome de um hipotetico alemao nunca seria suficiene para me convencer a le-lo! ``e daquelas ideias feitas de que esses paises mais frios (no clima e nas relaçoes humanas) nao sabem de poesia! Eu sei que e um disparate mas sinto que ´´e assim... sem objectividade alguma e como nao compete (NUNCA!) a uma pessoa que se diz das ciencias...
Sabes mas a verdade e que gostei muito do poema. Simples, harmonioso, bucolico (apreciaçao de quem nao entende...). Gostei muito da forma como o poeta fala de sentimentos mas mistura nesses estados de alma a natureza e agora que mais atentamente leio o poema +parece-me que em quase todos os versos existe um elemento da terra! Gostei muito! Guarda-lo-ei para sempre comigo.... Assim tambem tu estaras comigo!
Beijos tantos, tantos...amiguinha
anabela

Anabela disse...

Doce Pat

acabo de ver que o poema que me ofereceste nao ´´e o mesmo que colocaste no post! houve algum erro? Os titulos dos poemas coincidem, o seu autor, a tradutora mas o meu começa assim:
TODOS OS DIAS SAIO EM BUSCA DE ALGO DIFERENTE,
DEMANDEI-O HA MUITO POR TODOS OS ATALHOS DESTES CAMPOS; (...)
Estranho, a nao ser que sejam partes de um mesmo poema!? Parece-te razoavel?
bjs